No sábado, dia 6 de junho, acordamos, em Melide, para começar o sexto dia de Caminho de Santiago. Até que eu não estava de ressaca -- o que foi impressionante porque eu não sou acostumada a beber e bebi muito na noite anterior.
O Diego foi buscar a mochila dele no outro albergue, que estava fechado na sexta-feira, e o esperamos para a caminhada na porta do nosso albergue O Cruceiro. Assim que ele chegou, iniciamos a etapa do dia.
Logo no primeiro quilômetro, em Santa Maria de Melide, encontramos uma igreja do final do século XII. Fizemos uma pausa para a oração e seguimos. Passamos pelos pueblos de Rio (onde tivemos que atravessar o río Catasol por um caminho de pedras), Raido e Parabispo e foi nesse trecho que paramos para tomar café da manhã.
Seguimos caminhando até Boente (o pueblo que pretendíamos ficar na noite anterior, mas a preguiça não permitiu a chegada). De Melide até Boente, andamos 5,7 Km.
Fizemos outra pausa, na Igrexa de Santiago de Boente, uma igrejinha linda, que tem lembranças de peregrinos de todos os lugares do mundo. Deixamos ali uma fitinha de Nossa Senhora Aparecida que a moça da igreja pendurou no braço de Jesus. <3
Seguimos caminhando até Boente (o pueblo que pretendíamos ficar na noite anterior, mas a preguiça não permitiu a chegada). De Melide até Boente, andamos 5,7 Km.
Fizemos outra pausa, na Igrexa de Santiago de Boente, uma igrejinha linda, que tem lembranças de peregrinos de todos os lugares do mundo. Deixamos ali uma fitinha de Nossa Senhora Aparecida que a moça da igreja pendurou no braço de Jesus. <3
Saindo da igreja, de Boente a Castañeda, pegamos uma subida tensa, muito tensa. O Diego saiu disparado na frente, enquanto eu me destruía para tentar alcançá-lo e a Cintia ficava para trás. Quando a subida acabou, havia um bar. Pedi pelo amor de Deus para o Diego parar ali e nos sentamos para esperar a Cintia. Quando ela chegou, nos despedimos do Diego. Ele queria chegar em O Pedrouzo naquele dia mesmo, ou seja, fazer duas etapas de uma vez, e nós só queríamos andar até onde conseguíssemos depois de Arzúa.
Despedidas, mesmo que breves, nunca são legais. Depois de trocas de abraços, beijos, "amei te conhecer" e "te espero em Santiago", Diego partiu. Nós duas ficamos mais um tempo no bar, onde conhecemos um casal de brasileiros. A mulher havia começado em Sarria e já estava com os pés totalmente destruídos -- e tinha perdido duas unhas! Mas ela estava de tênis (e não de bota), doida.
Seguimos, então, para Ribadiso, através de um bosque delicioso, onde passarinhos cantavam enlouquecidamente, seguido por um pasto cheio de vaquinhas lindas.
Passamos por uma ponte medieval, sobre o río Iso, e chegamos a Ribadiso de Baixo. Já havíamos caminhado 11 Km e só faltavam 3 Km para completarmos a etapa do dia, que deveria ser de 14 Km (Melide-Arzúa). Ali mesmo, em Ribadiso, paramos para comer alguma coisa (e eu comi tortilla e não pão com presunto, viva!), e seguimos para Arzúa através de uma estradinha asfaltada em meio a fazendas lindas.
Foi então que eu comecei a chorar. Chorei, chorei, chorei e não parava mais. Pensava no meu avô, que havia falecido um mês antes, pensava em como eu queria contar pra ele sobre a minha viagem... Pensava na minha vida, na minha família, no meu trabalho, nos meus relacionamentos, em Deus... Foi a primeira vez que eu liberei os sentimentos assim no Caminho de Santiago. O corpo já não doía mais tanto, então, as emoções começaram a se expor.
Quando nos aproximamos do destino, vimos que Arzúa era uma cidade grande (pela primeira vez vimos prédios na Galícia) e nem cogitamos parar. Sabíamos que, se parássemos, ficaríamos. Em Arzúa, todos os Caminhos de Santiago (o Primitivo, o Inglês, o Caminho do Norte) se encontram. A partir dali, tudo estaria cheio.
De Arzúa a Taberna Vella (5,2 Km), pegamos outro bosque delicioso, que nos protegeu do sol escaldante das 15h (o sol é terrível das 14h às 17h).
E logo ali encontramos um lugarzinho fofíssimo para descansar: uma casa particular, que tinha, no quintal, uma "vendinha sem vendedor" (os produtos tinham seus preços, mas cabia ao peregrino ser honesto ou não. É tudo na base da confiança mesmo).
Peguei um café por 1 euro e nos sentamos com um menino que estava encostado ali. Ficamos conversando enquanto ele esperava os amigos dele e ele nos contou que saiu da cidade dele, no interior da França, próximo a Paris, e estava caminhando havia mais de 40 dias. Só que ele e os amigos não se hospedavam em lugar nenhum -- eles dormiam em redes entre as árvores. Que loucura! Into the Wild total -- e eles pareciam mendigos, na verdade.
Seguimos, então, para Ribadiso, através de um bosque delicioso, onde passarinhos cantavam enlouquecidamente, seguido por um pasto cheio de vaquinhas lindas.
Passamos por uma ponte medieval, sobre o río Iso, e chegamos a Ribadiso de Baixo. Já havíamos caminhado 11 Km e só faltavam 3 Km para completarmos a etapa do dia, que deveria ser de 14 Km (Melide-Arzúa). Ali mesmo, em Ribadiso, paramos para comer alguma coisa (e eu comi tortilla e não pão com presunto, viva!), e seguimos para Arzúa através de uma estradinha asfaltada em meio a fazendas lindas.
Foi então que eu comecei a chorar. Chorei, chorei, chorei e não parava mais. Pensava no meu avô, que havia falecido um mês antes, pensava em como eu queria contar pra ele sobre a minha viagem... Pensava na minha vida, na minha família, no meu trabalho, nos meus relacionamentos, em Deus... Foi a primeira vez que eu liberei os sentimentos assim no Caminho de Santiago. O corpo já não doía mais tanto, então, as emoções começaram a se expor.
Quando nos aproximamos do destino, vimos que Arzúa era uma cidade grande (pela primeira vez vimos prédios na Galícia) e nem cogitamos parar. Sabíamos que, se parássemos, ficaríamos. Em Arzúa, todos os Caminhos de Santiago (o Primitivo, o Inglês, o Caminho do Norte) se encontram. A partir dali, tudo estaria cheio.
De Arzúa a Taberna Vella (5,2 Km), pegamos outro bosque delicioso, que nos protegeu do sol escaldante das 15h (o sol é terrível das 14h às 17h).
E logo ali encontramos um lugarzinho fofíssimo para descansar: uma casa particular, que tinha, no quintal, uma "vendinha sem vendedor" (os produtos tinham seus preços, mas cabia ao peregrino ser honesto ou não. É tudo na base da confiança mesmo).
Peguei um café por 1 euro e nos sentamos com um menino que estava encostado ali. Ficamos conversando enquanto ele esperava os amigos dele e ele nos contou que saiu da cidade dele, no interior da França, próximo a Paris, e estava caminhando havia mais de 40 dias. Só que ele e os amigos não se hospedavam em lugar nenhum -- eles dormiam em redes entre as árvores. Que loucura! Into the Wild total -- e eles pareciam mendigos, na verdade.
Ficamos um tempo conversando com os seis mendiguinhos Alexander Supertramp, e saímos em busca de uma hospedagem. Já estávamos cansadas e queríamos parar no primeiro albergue que encontrássemos, afinal, já tínhamos andado mais de 20 Km.
Só que dali pra frente, não havia nada que não fosse mato. E começou a bater o desespero. Chegamos a um restaurante que eu achei que era hospedagem e não era.
Só que dali pra frente, não havia nada que não fosse mato. E começou a bater o desespero. Chegamos a um restaurante que eu achei que era hospedagem e não era.
Perguntamos à dona do restaurante onde era a hospedagem mais próxima e ela nos disse que havia uma pousada a 4 Km dali. Quatro quilômetros? Putz! Ela telefonou para a pousada e foi informada de que não havia mais plazas em nenhum quarto, mas que poderiam nos oferecer uma habitación doble (quarto duplo) por 45 euros, se fizéssemos a reserva naquela hora. Achamos caro e saímos caminhando.
Quando chegamos em Salceda (onde era a tal pousada), a Cintia começou a passar mal. Caiu a pressão dela e eu mandei que ela esperasse sentada e que comesse alguma coisa até que eu encontrasse um lugar para ficar. Vi uma placa indicando um albergue turístico e caminhei 800 metros. Quando cheguei lá, o lugar parecia um resort e foram super grossos comigo quando perguntei se havia camas. Pelo visto era um hotel de gente rica e a recepcionista achou que eu era uma peregrina mendiga. No fim, não tinha lugar pra nós. Liguei pra Cintia e disse para ela me esperar que eu estava voltando.
Quando cheguei aonde ela estava, um morador dali das redondezas estava ao lado dela, telefonando para uma pensão que havia ali pertinho. Ele disse que até havia um albergue bem próximo, mas que àquela hora já estava lotado. A pensão tinha quartos sobrando. Ele fez a reserva e, como a Cintia já estava recuperada (apesar de exausta), seguimos o Caminho até chegarmos à tal pensão. Passamos pelo tal El Albergue de Boni e realmente estava cheio. Mas a pensão era a 100 metros dali.
A Pensión Casqueiro II só tinha quartos duplos ou triplos. Os duplos já estavam tomados e nos ofereceram o triplo por 40 euros. Não tínhamos outra opção -- e já passava das 20h. Ficamos.
Mas valeu a pena. Depois do banho, descemos para jantar (um misto quente e uma cervejinha cada uma, mas ok) e fomos super paparicadas pelo dono da pensão, que nos deu licores de ervas e chocolate (além do cachorrinho lindo dele que grudou em nós e não largava mais). Enquanto eu me esquentava com o álcool, porque começou a fazer um friozinho chato, passei a refletir sobre Deus. Eu não tinha mais dúvidas: Ele existe. Isso ficou muito claro pra mim neste dia. Eu via Deus na natureza, nas pessoas, em todos os lugares. E estava feliz.
Quando o sol se pôs, às 23h, subimos para o quarto. Eu não via a hora de chegar em Santiago de Compostela e agradecer a Deus por tudo aquilo que eu estava vivendo. O que eu não sabia é que o dia seguinte seria pesado, muito pesado. Só que isso eu conto amanhã.
Este foi o trecho que fizemos neste dia, com 27 Km:
Beijos,
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