Em nosso quinto dia de Caminho de Santiago, 5 de junho, acordamos às 8h e não queríamos levantar de jeito algum. Aquela cama do Albergue San Marcos estava tão maravilhosa que foi difícil criar coragem. Minhas panturrilhas ainda estavam muito vermelhas, mas decidi continuar mesmo assim (contei que, no dia anterior, elas estavam "pegando fogo" e eu não sabia o que era).
Como sabíamos que a etapa deste dia tinha apenas 14 Km, estávamos mais tranquilas. O plano era cumprir a etapa e caminhar mais o quanto aguentássemos. E assim fomos...
Saímos de Palas de Rei, caminhamos 2,1 Km até Carballal e mais 1,5 Km até San Xulián do Camiño.
Você deve ter percebido que, na Galícia, há cemitérios em todas as igrejas. Era costume nos pueblos, que a paróquia local arcasse com o enterro de seus fiéis - principalmente daqueles que não tinham onde cair mortos (literalmente).
Como estávamos já na reta final do Caminho de Santiago, todos os trechos estavam sempre cheios de peregrinos - inclusive, de peregrinos à cavalo (vimos muitos, muitos cavalos nesta etapa!). E os pueblos, entre uma floresta e outra ou entre um campo e outro, já eram mais civilizados, com mais casas e mais habitantes.
Esta foi uma etapa tranquila e, apesar do sol, que dobra o nosso cansaço, conseguimos cumpri-la antes das 14h. Chegamos em Melide decididas a almoçar e a partir para adiantarmos a etapa do dia seguinte. Afinal, 14 Km não eram nada.
Passamos em um supermercado e compramos algumas bobagens para comer porque não queríamos comer polvo. Se você gosta de polvo, aproveite, porque Melide é a cidade do polvo e só há pulperías por todos os lados - eu passo. Então, com nossas comidinhas prontas e industrializadas, nos sentamos na praça para almoçar.
Quando terminamos de comer e esticamos nossas pernas, bateu uma preguiça... Ficamos um tempão ali, até que decidimos nos levantar e conhecer a igreja da cidade. Encontramos um casal de alemães que conhecemos em algum ponto do Caminho e que nos aconselhou ficar em Melide. Era bobagem seguir adiante. Poderíamos aproveitar para descansar e, no dia seguinte, andar além da etapa. De tanto que enrolamos para sair da cidade, a preguiça começou a nos dominar - e resolvemos ficar. Olhamos o albergue em que o casal amigo estava (Albergue San Anton), mas não gostamos - eles só tinham quartos duplos, com banheiro compartilhado, por 35 euros.
Fomos, então, procurar um lugar para ficar. Chegamos ao albergue municipal (6 euros), mas os banheiros eram mistos e não curtimos. Fomos olhar o albergue O Cruceiro (10 euros) e nos apaixonamos. Isso porque este albergue oferece vários serviços, como lavanderia, internet etc. e tal e porque o quarto que a recepcionista pegou para nós duas não tinha ninguém, apesar de ser um quarto compartilhado.
Pronto. Subimos as mochilas e trocamos de roupa correndo para colocar tudo para lavar. De repente, o pânico: cadê minha GoPro?!? Contei no vídeo:
Passado o susto, ficamos esperando nossas roupas serem lavadas, enquanto tomávamos um vinho no restaurante que fica embaixo do albergue. Só que nos esquecemos da vida ali. Pedimos uma garrafa, depois outra... E, pela primeira vez no Caminho de Santiago, enchemos a cara. Acho que estávamos precisando nos divertir mesmo, depois de tanto sacrifício. E aí conhecemos o Diego, um médico colombiano que estava fazendo o Caminho sozinho. Ele estava na mesa ao lado, rindo das nossas bobagens, e a Cintia o chamou para se sentar com a gente.
Depois de altas risadas e conversas filosóficas, nos demos conta da hora. Já eram quase 22h30 e o albergue do Diego fechava às 22h (o nosso continuava aberto até às 23h). Fomos com ele até a porta do albergue dele, que era ali pertinho, e demos com a cara na porta. A solução foi ele ficar no nosso, que tinha muitas plazas sobrando.
Então, graças à nossa preguiça (que não nos deixou continuar caminhando), à Cintia (que o chamou) e ao albergue fechado, eu e o Doctor Corazón (como o apelidamos) ficamos juntos. E ele explicou o que tinha acontecido nas minhas panturrilhas. Eram os músculos mesmo. Algumas fibras se esticaram demais e se romperam. Eu deveria fazer repouso, sim, mas não era nada grave - só tinha que tomar cuidado para não ficar com hematomas. Por isso, ele me deu uma pomada que diminuiu a vermelhidão logo de cara. Três dias depois eu já não teria mais nada nas pernas.
Fomos dormir quase 2h da manhã. Mas valeu. Foi o dia mais divertido do Caminho. :)
Nesta etapa, este foi o trajeto que fizemos:
Demos uma descansadinha em Casanova, onde paramos para comer um bocadillo con jamón y queso (novidade! hahaha) e, de Casanova a Furelos, andamos mais 7,3 Km. Fizemos aquela pausa para a foto e para conhecer a igreja local, e partimos para Melide.
Esta foi uma etapa tranquila e, apesar do sol, que dobra o nosso cansaço, conseguimos cumpri-la antes das 14h. Chegamos em Melide decididas a almoçar e a partir para adiantarmos a etapa do dia seguinte. Afinal, 14 Km não eram nada.
Passamos em um supermercado e compramos algumas bobagens para comer porque não queríamos comer polvo. Se você gosta de polvo, aproveite, porque Melide é a cidade do polvo e só há pulperías por todos os lados - eu passo. Então, com nossas comidinhas prontas e industrializadas, nos sentamos na praça para almoçar.
Quando terminamos de comer e esticamos nossas pernas, bateu uma preguiça... Ficamos um tempão ali, até que decidimos nos levantar e conhecer a igreja da cidade. Encontramos um casal de alemães que conhecemos em algum ponto do Caminho e que nos aconselhou ficar em Melide. Era bobagem seguir adiante. Poderíamos aproveitar para descansar e, no dia seguinte, andar além da etapa. De tanto que enrolamos para sair da cidade, a preguiça começou a nos dominar - e resolvemos ficar. Olhamos o albergue em que o casal amigo estava (Albergue San Anton), mas não gostamos - eles só tinham quartos duplos, com banheiro compartilhado, por 35 euros.
Fomos, então, procurar um lugar para ficar. Chegamos ao albergue municipal (6 euros), mas os banheiros eram mistos e não curtimos. Fomos olhar o albergue O Cruceiro (10 euros) e nos apaixonamos. Isso porque este albergue oferece vários serviços, como lavanderia, internet etc. e tal e porque o quarto que a recepcionista pegou para nós duas não tinha ninguém, apesar de ser um quarto compartilhado.
Pronto. Subimos as mochilas e trocamos de roupa correndo para colocar tudo para lavar. De repente, o pânico: cadê minha GoPro?!? Contei no vídeo:
Passado o susto, ficamos esperando nossas roupas serem lavadas, enquanto tomávamos um vinho no restaurante que fica embaixo do albergue. Só que nos esquecemos da vida ali. Pedimos uma garrafa, depois outra... E, pela primeira vez no Caminho de Santiago, enchemos a cara. Acho que estávamos precisando nos divertir mesmo, depois de tanto sacrifício. E aí conhecemos o Diego, um médico colombiano que estava fazendo o Caminho sozinho. Ele estava na mesa ao lado, rindo das nossas bobagens, e a Cintia o chamou para se sentar com a gente.
Depois de altas risadas e conversas filosóficas, nos demos conta da hora. Já eram quase 22h30 e o albergue do Diego fechava às 22h (o nosso continuava aberto até às 23h). Fomos com ele até a porta do albergue dele, que era ali pertinho, e demos com a cara na porta. A solução foi ele ficar no nosso, que tinha muitas plazas sobrando.
Então, graças à nossa preguiça (que não nos deixou continuar caminhando), à Cintia (que o chamou) e ao albergue fechado, eu e o Doctor Corazón (como o apelidamos) ficamos juntos. E ele explicou o que tinha acontecido nas minhas panturrilhas. Eram os músculos mesmo. Algumas fibras se esticaram demais e se romperam. Eu deveria fazer repouso, sim, mas não era nada grave - só tinha que tomar cuidado para não ficar com hematomas. Por isso, ele me deu uma pomada que diminuiu a vermelhidão logo de cara. Três dias depois eu já não teria mais nada nas pernas.
Fomos dormir quase 2h da manhã. Mas valeu. Foi o dia mais divertido do Caminho. :)
Nesta etapa, este foi o trajeto que fizemos:
Por hoje é só.
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Beijos,
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