Na segunda-feira, dia 1 de junho, acordamos cedinho, nos vestimos, calçamos nossas botas, colocamos as mochilas nas costas e saímos do quarto, prontas para começarmos o primeiro dia de Caminho de Santiago. Quando abrimos a porta do Hostal Rebollal, em Pedrafita do Cebreiro, fomos surpreendidas novamente: estava um frio louco (lembrando que não levamos agasalho, só um corta-vento) e uma neblina e uma garoa surreais.
E isso deu um desânimo! Foi a primeira provação do Caminho.
Paramos sob o ponto de ônibus para fazermos a primeira oração do "guia para peregrinar à tumba do Apóstolo São Tiago" (que eu postei aqui) e seguimos. Quando eu vi a primeira placa indicando o Caminho, parei para fazer minhas orações pessoais. Molhei todos os meus papéis.
Subimos para O Cebreiro pela rodovia (LU), o que nos deu um certo medinho (de sermos atropeladas por causa da neblina). Ficamos muito felizes quando chegamos lá e vimos mais peregrinos (sinal de que não começamos errado).
Dizem que O Cebreiro é um lugar mágico mas, pra mim, a única coisa incrível é que pude entrar na igreja e pedir proteção para o resto do Caminho (não há tantas igrejas pelo Caminho como eu achei que haveria).
Seguimos, então, à cidade Hospital da Condesa, para a qual tivemos que passar pelo Alto de San Roque, onde há uma imagem gigante de São Roque - vale a parada pra uma foto. :)
Ao chegarmos em Hospital da Condesa, uma surpresa: vaquinhas! Eu adoro vacas, mas confesso que vê-las soltas, chegando tão perto de nós, sem ninguém para "controlá-las" deu um pavorzinho. Hahaha. <3
Continuamos o Caminho de Santiago até o Alto do Poio, onde pegamos a maior subida que eu já vi na vida. Acho que demoramos uma hora pra subir aquilo ali. Foi tenso. Ao chegarmos lá em cima, paramos para descansar, arejar os pés e tomamos a Coca-Cola mais cara do Caminho (2,20 euros) - espertinhos, né?
Subida para chegar ao Alto do Poio |
É importante tirar os sapatos e deixar os pés secarem de tempos em tempos |
Descansamos por meia hora, tomamos coragem e continuamos. Quando chegamos em Fonfría, que fica a aproximadamente 10 Km de Tríacastela (onde deveríamos terminar nossa etapa). Vimos um albergue tão delicioso e cheio de peregrinos já de banho tomado, roupas lavadas e jogando cartas antes de dormir que a vontade de ficar ali foi enorme, até porque já estávamos exaustas. Mas decidimos andar mais um pouquinho, até a próxima cidade.
Acontece que, quando passamos por todas os pueblos seguintes (O Biduedo, Filloval, Pasantes e Ramil), não havia um único habitante - e, obviamente, nenhuma hospedagem. Não tínhamos escolha senão seguir até Tríacastela.
Uma das cidades-fantasma |
Éramos as últimas peregrinas que ainda caminhavam. Demoramos 11 horas para fazer 27 Km e chegamos em Tríacastela depois das 20h - ainda bem que o sol só se põe às 23h.
Escolhemos o Albergue Aitzenea (Praza de Vista Alegre, 1) para dormir, um albergue particular bem ajeitadinho, que custou 8 euros por pessoa. O albergue municipal, àquela hora, já estava lotado. Ficamos em um quarto com três beliches e o dividimos com apenas um casal. Antes de nos deitarmos, comemos um bocadillo con jamón y queso e tomamos uma tacinha de vinho no bar ao lado, onde conhecemos dois franceses muito loucos que nos deram várias dicas sobre o Caminho.
Veja, no Google Maps, o trajeto de Pedrafita até Tríacastela. A quilometragem está errada porque alguns pueblos pelos quais passamos não existem no mapa. Ao todo, foram 27 Km (e não 25,6 Km como mostra o Google).
Foi bem difícil chegar até ali - bem mais do que esperávamos. Mas, apesar do cansaço, não tivemos nenhum problema, graças a Deus. Eu ainda não entendia o que eu estava fazendo ali nem o porquê. Dormimos assim que o albergue fechou as portas (às 22h).
Veja todos os posts do Caminho de Santiago aqui.
Beijos,
0 comentários