Em nosso quarto dia de Caminho de Santiago (aniversário da Cintia), fomos as últimas a levantar da cama. Acordamos cedo, mas achamos melhor esperar todo mundo se arrumar e usar os banheiros para, depois, nos aprontarmos em paz. Este Albergue de Portomarín é municipal e, quando dá 8h da manhã, o povo da limpeza expulsa todo mundo. Sobre este albergue, minha opinião está no vídeo:
A cidade de Portomarín é uma graça, mas não tivemos tempo de "turistar" (deveríamos ter feito isso no dia anterior, se não tivéssemos chegado tão tarde - e tão cansadas).
Igrexa de San Nicolao ou San Xoán (na Galícia, a letra X substitui a J) |
Saímos com as roupas que havíamos lavado no chuveiro do albergue penduradas em nossas mochilas. Essa é uma prática comum entre os peregrinos. Fica assim, uma favelinha particular.
Mas não demos muita sorte porque estava frio e pegamos uma super neblina (ou seja, as roupas não secavam nunca!). De Portomarín até Toxibo (passando por Fábrica de Tijolos), onde paramos para descansar em um banco de pedra, o trecho possui 5 Km de subida (120 m) - e foi bem cansativo.
Apesar do corpo doer, já estávamos no "piloto automático" e até que andamos mais rápido do que o normal. Mas chegamos a uma conclusão:
Mas não demos muita sorte porque estava frio e pegamos uma super neblina (ou seja, as roupas não secavam nunca!). De Portomarín até Toxibo (passando por Fábrica de Tijolos), onde paramos para descansar em um banco de pedra, o trecho possui 5 Km de subida (120 m) - e foi bem cansativo.
Neblina de filme de terror |
Brincadeiras à parte, seguimos para Gonzar, a primeira cidade desta etapa, que fica a 8 Km desde Portomarín. Lá, "todos os peregrinos do mundo", inclusive vários que havíamos conhecido nos dias anteriores, estavam tomando café da manhã - e, óbvio, paramos para comer também.
Seguimos subindo mais 147 m de altitude em 5,5 Km, até chegarmos em Vendas de Narón, onde paramos para descansar outra vez, no albergue/restaurante Casa Molar. Tomamos uma Coca-Cola, andamos mais um pouco e paramos novamente, no albergue O Cruceiro, onde eu almocei um hambúrguer delicioso. Perceba que mantive minha saudabilidade no Caminho. :P
Este foi o dia em que fizemos mais (e mais longas) paradas. Não podíamos ver um restaurante, uma vendinha ou um albergue, que nos sentávamos e esticávamos as pernas. Em Ligonde, a 3 Km de Vendas de Narón, paramos no Albergue Fuente del Peregrino para encher nossos cantis de água - e o pessoal lá é adorável!
De Ligonde a Portos, andamos mais 3 Km. Achamos que Portos era uma cidade, mas era só um micro-vilarejo (pra variar). Pelo menos tinha um albergue lindo, chamado A Paso de Formiga, onde paramos, claro: desta vez, para tomar uma cervejinha (em comemoração ao aniversário da Cintia) e tirar as botas.
Café-Bar Gonzar |
Albergue/restaurante O Cruceiro |
Fuente del Peregrino |
Faltavam apenas 5,6 Km para Palas de Rei - eu mal podia acreditar que "já" tínhamos andado quase 20 Km! E seguimos. Passamos por vários pueblos minúsculos (Lestedo, Os Valos, A Brea, Avenostre e O Rosario) e, quando menos percebemos, vimos a placa de "Bienvenidos a Palas de Rei".
Paramos na primeira hospedaria que vimos (La Cabaña), que era linda de morrer (e que, na verdade, não era albergue mas, sim, hotel), e entramos para ver o preço. Pois 60 euros por um quarto duplo não dava. Não mesmo! Andamos mais um pouco e vimos o albergue municipal. Pensamos, pensamos e não sabíamos se andávamos mais ou ficávamos por ali mesmo. Até que encontramos nosso amigo francês, que conhecemos em Tríacastela. Ele estava voltando de algum mercado, com sacolas na mão, e perguntamos se, de onde ele vinha, havia outras opções de albergue. Ele disse que sim, mas que estava hospedado no municipal. Minhas panturrilhas estavam ardendo e eu não sabia o porquê (quase descobri mais tarde), mas mesmo assim, decidimos andar mais um pouco. E chegamos ao centro de Palas de Rei.
Escolhemos um quarto duplo no albergue San Marcos. Era uma "exigência" de aniversário da Cintia e estávamos mesmo muito cansadas - precisávamos de um pouquinho de conforto. Tomamos banho correndo, nos trocamos e fomos à igreja, que ficava bem na frente do albergue. Às 20h, assistimos à missa, que foi linda, linda, linda (com o padre dando a bênção em todos os idiomas!), e fomos falar com os padres na sacristia. Demos a eles pulseirinhas de Nossa Senhora Aparecida e ganhamos um chaveiro cada uma, de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do padre mais velhinho. Até me emocionei. Eu sou devota de Perpétuo Socorro! <3
De lá, fomos jantar no albergue Castro, para comemorar, de verdade, o aniversário da Cintia (hahaha).
Tomamos um vinho, comemos e ficamos batendo papo com o dono e com o garçom. Foi quando me dei conta de como estavam minhas panturrilhas. Lembra que comentei que estavam ardendo? Olhei para elas e me assustei com a vermelhidão. Perguntei se eles sabiam o que era, se isso era comum entre peregrinos, e disseram que parecia urtiga (urticária) e que eu deveria passar na farmácia e comprar alguma pomada antialérgica. Mas quem disse que havia alguma farmácia aberta? Andei a cidade toda (que não é muito, mas...) e não achei nada.
Quando voltei para o albergue, perguntei à recepcionista se ela sabia o que era. "É... parece que você raspou a perna em alguma planta venenosa", ela disse, e me deu um creme cicatrizante que ela tinha no armário. Fiquei encanadíssima e procurei o problema no Dr. Google. Aquilo não estava com cara de alergia, não. A vermelhidão parecia vir de pequenos vasinhos estourados - o problema era interno e não externo. A resposta do Dr. Google? Contusão muscular. Também achei estranho porque não estava doendo (só ardia). E em todos os links que encontrei, a maneira de tratá-la era com repouso total. Isso eu não poderia fazer, estava fora de cogitação. Então dormi pensando "vamos esperar para ver como essas panturrilhas estarão amanhã". Paciência.
Bizarro :( |
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