A segunda-feira, 15 de junho, era o meu último dia em Madri. Acordei meio pra baixo, porque não estava com vontade de deixar a Espanha. Mas o que eu poderia fazer? Toda viagem tem o seu fim, certo? :/
Levantei, tomei meu café-da-manhã e me despedi do meu amigo, que teve de viajar a trabalho. O tempo estava feio e, quando voltei para o meu quarto para arrumar as minhas coisas, começou uma chuvarada louca. Assim que fechei a minha mochila, não tive coragem de sair e resolvi tirar um cochilinho.
Acordei na hora do almoço e morta de fome. Ainda estava garoando, mas eu estava sozinha em casa e precisava comer. Então, saí andando em busca de um lugar gostosinho (e acessível) para almoçar.
Desci a Calle Serrano, em direção à Rodilla (torcendo para encontrar algo antes, senão eu almoçaria por lá mesmo) e achei um lugarzinho que me apeteceu: a Cervecería Serrano (Calle Serrano, 52), onde havia um monte de engravatados almoçando.
Gosto muito desse costume europeu de colocar o cardápio com preços do lado de fora. Assim, já podemos ter uma ideia do quanto vamos gastar. E foi por isso que escolhi a Cervecería Serrano. Lá, eles servem um combinado por 8,85 euros, com um ingrediente principal e duas guarnições.
Apesar de não ter nada a ver uma coisa com a outra, eu escolhi lula (calamares), como principal, e batatas fritas (patatas) e croquetes (croquetas-caseras) como guarnições. Com bebida, gastei 10 euros.
Não foi uma escolha muito saudável, mas estava tudo bem bom. E eu não sou mesmo uma pessoa saudável. Hahaha. Almoçar sozinha é uma parada bem deprê pra mim, por isso, fiquei refletindo e escrevendo. Aí um trechinho do meu diário:
Último almoço em Madrid. Tive um fim de semana inesquecível e, depois de 17 dias aqui, já me sinto uma espanhola (só faltava falar o idioma fluentemente e sem esse sotaque que, na hora, entrega de onde vim). Acho que até minha linguagem corporal diz isso – fui parada na rua por três pessoas pedindo informação.
Sentirei falta dessa gente fria, que não abraça, mas sorri por tudo e fuma feito chaminés em todo e qualquer lugar. Acho até que eu ficaria aqui pra sempre (se pudesse ir e vir num piscar de olhos, abraçar minha família e meu cachorro). O trabalho daria pra trazer de qualquer maneira. Só precisaria aprender a comer direito nesse país. Pão, presunto e lula por dezenas e dezenas de reais: não aguento mais. Nem a tal sopa fria de tomate.
Mas eu realizei um sonho. Fui feliz demais aqui e sou gratíssima a Deus por isso.
Agora vou para Paris (sim, desisti de Zaragoza e Barcelona), cheia de saudade e com o coração apertadinho.
Terminei de comer, fiquei me despedindo mentalmente da cidade, enquanto fumava um cigarro, e voltei pra casa. Mais um cochilinho de meia hora (que preguiça sem fim, socorro!) e parti caminhando para o metrô. Ai, que vontade de chorar!
Eu precisava tomar a linha 8 para o Aeroporto de Barajas e eu estava na linha 5 (estação Nuñez de Balboa), portanto, tinha que fazer três baldeações. Veja o mapa do metrô de Madri:
Demorei uma hora para chegar ao aeroporto e estava (quase super) atrasada quando lembrei de gravar o vídeo sobre o metrô para você.
Corri para o check-in da EasyJet e tive uma surpresa: quando meu pai comprou a passagem pra mim do Brasil (porque eu não estava conseguindo finalizar o pagamento pelo celular) ele leu que cada passageiro tinha direito a uma bagagem. Eu estava tranquila quanto a isso porque eu só tinha meu mochilão mesmo. Só que, no check-in, não me deixaram despachar a mala nem entrar com ela na cabine. É óbvio, ela pesava muito mais que uma bagagem de mão! O que eu não sabia é que eu teria que pagar QUARENTA EUROS para despachar a mala! Só sei que, no fim, não foi nada baratinho voar de Madri a Paris, como parecia ser.
O total ficou em 128 euros, ou seja, mais de 500 reais. E, só para constar, eu cheguei a cotar o trem, e saía praticamente o mesmo valor (custava 100 euros), só que demoraria quase um dia inteiro, enquanto que, de avião, eu demorei duas horinhas.
O voo foi horrível: barulhento, os comissários eram super grossos (falando só em francês) e os passageiros não paravam quietos. Além do mais, minha cadeira não deitava, porque era a última (e eu não pude reservar um assento antes, ou teria de pagar mais uma taxa), e pegamos altas turbulências. Mas, cheguei, sã e salva, em Paris.
Minha amiga Helô foi me buscar no aeroporto e fomos para a casa dela, em Gagny, uma cidadezinha no entorno de Paris. Ficamos papeando até altas horas porque fazia 14 anos que não nos víamos. Por fim, capotamos.
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Beijos,
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