Estávamos passeando no alto do Bus Tour quando avistamos um local chamado Café Literario (olhos de lince, como disse a Ana em seu último post). Descemos correndo as escadas do ônibus e pedimos para o motorista parar. Já havíamos passado umas boas quadras do local, então, fomos caminhando até o tal café.
Assim que entramos, um cubano nos abordou, perguntando se poderia se sentar com a gente, já que ocuparíamos a única mesa vaga. Aquilo nos incomodou de cara porque estávamos um pouco traumatizadas com o "grude" dos cubanos, devido ao tour pelo centro da cidade, e a Ana foi logo me dizendo: "que fique claro que não vamos pagar nada pra ele". De fato, isso nem lhe ocorreu. Mal sabíamos nós que bateríamos o maior papo com ele e que ele seria super gentil com a gente.
Pedimos um Mojito (1.95 CUC) cada um e decidimos que, por ser quase 15 horas, precisávamos comer, apesar do trauma da comida cubana. O Frank, que era estudante de Medicina da universidade, que fica na frente do café, sugeriu que comêssemos o melhor pollo de Cuba. Desconfiadas desse "o melhor", pedimos os pratos. Não achei o Café Literario dos mais baratos, não, mas o Frank disse que quem estuda na faculdade tem desconto.
Cardápio do Café Literario |
Mojito (1.95 CUC) e pollo com arroz, batata e salada (3.95 CUC) |
Comemos (por milagre, estava bom!) e ficamos conversando sobre a vida em Cuba com o Frank. Ele nos explicou como funciona a Educação por lá, contou que há muitos brasileiros estudando com ele, que sua mãe mora na Bahia e que ele é louco para viver com ela no Brasil. Entre nossos papos, ele falava uma coisa ou outra para o pessoal das outras mesas. Todo mundo ali se conhecia porque o Café Literario é o point dos estudantes. Então, o Frank chamou um de seus amigos, um rastafári que estava com uns instrumentos musicais em outra mesa com outros amigos, para conversar com a gente. O Michel não faz nada da vida a não ser tocar jazz e, segundo ele, não fazer planos. Por ser formado em Comunicação Social, como nós, tivemos um papo bem bacana sobre a imprensa cubana e o acesso do povo à informação. Foi uma conversa profunda onde nos comovemos ainda mais com a vida desse país.
O Michel e eu, e o Café Literario |
As horas se passaram e nos demos conta de que precisávamos correr para pegar o último Bus Tour que daria a volta na cidade e nos levaria de volta ao hotel Deauville. Descemos a La Rampa, a rua do café e fomos para a frente do hotel Habana Libre para tomar o ônibus, que não chegava nunca.
Depois de tanto tempo esperando em meio à poluição, buzinadas e a tanto trânsito, o ônibus chegou. Quando entramos, a cobradora disse que estávamos no sentido contrário, ou seja, não faríamos o tour, apenas voltaríamos por onde viemos. Só que, segundo ela, não daria mais tempo de pegarmos outro ônibus. Então nos conformamos. Fomos até o final da linha e voltamos, com o mesmo busão para o hotel.
Chegando no Deauville, com o calor que estava, decidimos dar um passeio a pé pelo Malecón. E tomar banho de mar de tabela, de tão forte que as ondas quebravam.
Lymdras, a Ana e eu "fugindo" da água |
Depois de nos refrescarmos um pouquinho à beia-mar, subimos para tomar banho, tirar um cochilo e nos arrumar para a noitada.
Quando ficamos prontas, descemos à recepção e perguntamos ao Ramón, o recepcionista, qual era a boa da noite. Ele disse que a Casa de La Música era o melhor lugar por ali, mas ele não sabia qual seria a programação. Sentamos no bar e pedimos un refresco de cola, quando o garçom nos deu duas latas de Coca-Cola! \o/ Mal pudemos acreditar! Ficamos tão felizes que todos riram da gente. Era um alívio ter algo que de realmente gostávamos em Cuba! Se fosse Pepsi seria melhor ainda! Hahaha
Quase tão feliz quanto fiquei ao ver a Minnie na Disney |
Então pegamos um táxi rumo ao Buena Vista, em Havana Vieja, para vermos o show do Buena Vista Social Club. Quando chegamos na entrada do centro restaurado, um segurança perguntou onde estávamos indo. Respondemos e ele nos disse que já era tarde e que não valeria a pena. O show começava às 21h e já eram quase 23h. Além disso, segundo ele, a entrada custava 30 CUC e que, àquela hora, não poderíamos mais nem jantar. Ok. Tristes, pedimos ao taxista para nos levar à Casa de La Música.
Chegando lá, outra surpresa: o valor da entrada.
Além disso, discuti com as seguranças da entrada, que nos obrigaram a deixar nossas bolsas na chapelaria, alegando que, por sermos turistas, seríamos roubadas. Oi? Eu detesto ficar sem minha bolsa comigo e não confio em chapelarias. Fiquei bem brava e entrei na balada com o maior mau humor da história.
O que não sabíamos é que teria show dos Los Van Van naquela noite. Para quem não conhece, eles são os Rolling Stones da Salsa, com mais de 40 anos de carreira (com algumas alterações nos músicos). Que felicidade! Aí valeu a pena pagar 40 reais para entrar! E como valeu!
Dois caras que trabalhavam para a banda colaram na gente e passamos a noite inteira dançando Salsa.
Lá também conhecemos um cara que era o melhor dançarino de Salsa da balada e nos tirou para dançar. A esta altura, meu mau humor já tinha ido embora para bem longe. E nos divertimos horrores!
Uma banda histórica, de 17 integrantes, em um show de quase três horas, não é todo dia que a gente vê, né?
Quando a balada acabou, tiramos uma foto com o mais novo integrante dos Los Van Van. Gato!
Fomos embora, mas não sem antes eu ter mais uma discussão com a mulher da porta, que queria nos cobrar 1 CUC pela chapelaria. Como ela tinha dito que não precisava pagar, eu não ia pagar de jeito algum, mesmo sendo apenas 1 CUC. Somos turistas mas não somos otárias.
E voltamos para o hotel, felizes da vida, lá pelas 3h da manhã, onde capotamos num sono delicioso.
Beijos,
0 comentários