"Você vai sozinha?! Mas e o medo?"
Dá medo, sim. E ouvi esta pergunta de muita gente. Pois acredito que o Caminho de Santiago será uma prova de fogo para mim. Quem me conhece sabe o quanto eu sou medrosa - tenho medo de avião, tenho medo de chuva, medo de relâmpagos, medo de vento, medo de insetos, medo de altura... Mas eu não suporto viver aprisionada pelos meus medos. E nunca deixei de viajar por causa deles. Mesmo assim, eu sofro e deixo de fazer muita coisa que eu gostaria de fazer.
Até hoje só viajei para o exterior acompanhada da Ana. E ela sempre foi muito ~brother~ em relação aos meus medos: nunca tirou sarro de mim, sempre ajudou a me acalmar, segurou minha mão e me deu segurança. Agora a parada é outra. Vou sozinha e não terei com quem contar na hora em que o peito apertar. Será a primeira vez que pegarei um voo de mais de 10 horas sem ninguém pra me apoiar.
Não subestime seus medos
Se não forem tratados, os medos não diminuem sozinhos. Ao contrário do que muita gente pensa, o medo só aumenta. Como já contei aqui, no texto "Medo de avião: eu não nasci para voar", meu medo de avião começou do nada e aumentou muito, em pouquíssimo tempo. Adianta ficar sofrendo? Não. É preciso tratar.
Supere seus medosNo começo do ano passado, quando meu medo de chuva virou fobia, eu procurei um especialista em doenças psicossomáticas e fiz um tratamento a base de homeopatia e acupuntura. Funcionou por um tempo. O tratamento era caríssimo e eu não consegui dar continuidade a ele. Quando as tempestades recomeçaram neste verão, eu percebi que meu medo não tinha ido embora.
Aí veio o pavor: e se chover no Caminho de Santiago? Terei uma crise de pânico no meio do mato? Pelamor! Pensando nisso, consultei um psiquiatra há mais ou menos 2 meses, que me receitou um remedinho que já me transformou em outra pessoa (na que eu era antes de ter medo de tempestades) e que promete me deixar 100% até a data da viagem. Sem neuras, sem preconceitos. Às vezes, seus medos só aparecem porque falta alguma substância em seu organismo (olha, não entendo nada sobre isso e prefiro deixar que um profissional lhe explique), por isso, consultar um especialista é a sua melhor opção.
Se você tiver tempo e disponibilidade para fazer algum tipo de terapia antes de viajar, comece o quanto antes. Dividir seus receios e angústias com um profissional que lhe indicará o caminho que você deve seguir é fundamental.
Aprenda com os outros
Como já comentei aqui, a Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago - ACACS-SP, oferece palestras gratuitas com pessoas que já fizeram o Caminho e têm muita experiência e conselho para compartilhar. É muito importante saber por quais tipos de experiências (boas e ruins) as pessoas passam e, mesmo sabendo que vai ser tudo diferente, você já fica um pouco preparado.
Em 31 de janeiro eu participei de uma palestra lá na ACACS-SP e tive uma longa conversa com um dos voluntários. "Ai, é verdade que várias pessoas já morreram fazendo o Caminho?". É, é verdade. Mas, acredite, elas foram inconsequentes. Se você tem problemas cardíacos e, ainda assim, insiste em subir os Pirineus sozinho, sem ninguém pra te socorrer caso você tenha um ataque, saiba que você é bem cabeçudo. Não há o que temer durante o Caminho: hoje, todo o trajeto tem uma ótima infraestrutura, com paradas, abrigos, além de pessoas por todos os lados.
Uma dica bacana que o voluntário da ACAS-SP me deu foi a de ligar para 112 se acontecer qualquer coisa. Este é o número do Centro de Emergências, que pode lhe resgatar de onde você estiver. Caiu, machucou a perna, passou mal, não consegue se mover? Ligue 112 e pronto. Dizem que eles chegam em menos de cinco minutinhos. Dá pra ficar bem mais tranquilo assim, né?
Em 31 de janeiro eu participei de uma palestra lá na ACACS-SP e tive uma longa conversa com um dos voluntários. "Ai, é verdade que várias pessoas já morreram fazendo o Caminho?". É, é verdade. Mas, acredite, elas foram inconsequentes. Se você tem problemas cardíacos e, ainda assim, insiste em subir os Pirineus sozinho, sem ninguém pra te socorrer caso você tenha um ataque, saiba que você é bem cabeçudo. Não há o que temer durante o Caminho: hoje, todo o trajeto tem uma ótima infraestrutura, com paradas, abrigos, além de pessoas por todos os lados.
Uma dica bacana que o voluntário da ACAS-SP me deu foi a de ligar para 112 se acontecer qualquer coisa. Este é o número do Centro de Emergências, que pode lhe resgatar de onde você estiver. Caiu, machucou a perna, passou mal, não consegue se mover? Ligue 112 e pronto. Dizem que eles chegam em menos de cinco minutinhos. Dá pra ficar bem mais tranquilo assim, né?
Peça ajuda do alto
Não sei qual é a sua religião, mas a minha tem me ajudado bastante a superar meus medos. Confiar é o segredo - e, às vezes, muito difícil. “Se permaneceis em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito” (Jo 15, 7). “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate abrir-se-á” (Mt 7, 7-8). Reze, peça a Deus (ou a quem você acredita que lhe ouve) para lhe ajudar a confiar e a perder os medos; converse com os sacerdotes (ou o seu guia) e peça direções para essa superação.
No próximo post eu vou falar sobre a preparação espiritual para o Caminho de Santiago e me aprofundarei mais neste tópico. Por fim, não se esqueça: "Coragem é a resistência ao medo, o domínio do medo, e não a ausência do medo" (Mark Twain).
Beijos,